Espondilite
Anquilosante na Medicina Tradicional Chinesa
Espondilite Anquilosante
(EA) – é uma doença inflamatória crónica que afeta tanto as articulações da
coluna vertebral, que tendem a fundirem-se uma vértebra a outra, causando
rigidez, dor e limitação dos movimentos, como também, seus ligamentos. Pode ainda
atingir outras articulações do corpo como a articulação do ombro e do quadril
(anca). É considerada uma doença auto-imune e sua causa ainda é desconhecida. Seu
diagnóstico é feito pelo marcador genético HLA-B27 (Antígeno) e os pacientes
portadores da EA são positivos para este marcado, afetando mais os indivíduos
jovens do sexo masculino entre os 15 e 30 anos de idade.
A Espondilite Anquilosante
pode levar a deformações articulares e dor crónica, de modo que, exercícios
como Pilates, caminhada e natação são excelentes aliados, pois impede a rigidez
do tronco, promovendo a manutenção de movimentos e a flexibilidade das
articulações afetadas, ajudando ainda na postura mais adequada para a coluna. A
fisioterapia tem grande papel nesta doença, para além de trabalhar com
exercícios terapêuticos, alongamentos e trabalho de postura, tem como coadjuvante
o aparelho de Neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS) e o ultra-son,
estes tem como finalidade ajudar na eliminação da dor e no processo
inflamatório, respectivamente.
Para a Medicina
Tradicional Chinesa (MTC), a Espondilite Anquilosante inicia-se através de uma
estagnação de Qi (Energia) e Xue (sangue) ao longo dos meridianos, levando ao bloqueio destes. Este processo é
conhecido por Síndrome Bi e bloqueio de Qi e Xue nas articulações ou em
músculos, manifestado por dor, parestesia, hipersensibilidade e,
principalmente, limitações de movimentos.
É uma patologia que afeta
o meridiano do Du Mai, canal da coluna vertebral, mas envolve também, problemas
intestinais devido a má alimentação e problemas de pele como a psoríase,
causando comprometimento dos meridianos dos Intestinos Grosso e Delgado e do meridiano
do Pulmão.
Dentro das causas estão as
invasões de fatores patogénicos externos (Vento, Frio, Humidade, Calor) ou o enfraquecimento
do sistema defensivo do organismo conhecido como Wei Qi (energia defensiva). Os
fatores de riscos envolvidos nesta patologias são o clima, esforço repetitivo,
obesidade, excesso de trabalho, doenças ósseas e musculares, doença
imunológicas. Dentro da medicina oriental, a EA pode ser tratada com
acupuntura, fitoterapia e dietética chinesa, tendo como objetivo restaurar os
desequilíbrios energéticos do organismo.
Os princípios terapêuticos
e os pontos a utilizar estão de acordo com a patogénese da doença e histórico
do paciente:
Como
as articulações da coluna vertebral precisam de líquido (sinovial) para estarem
lubrificadas e manterem o movimento adequado, é preciso tonificá-las, fazendo
circular o líquido orgânico (Jin Ye), punturando os pontos de abertura e
acoplado do meridiano curioso Du Mai ID3/B62, restabelecendo a funcionalidade
da coluna;
Como
a coluna é composta internamente pela Medula Espinha (ME), é necessário tonificar
os Rins que vai atuar sobre medula (Essência), punturando os pontos R7, B23,
associado com o ponto extra Yao Yan que vai atuar sobre os Rins e aliviar as
dores;
Como
os problemas de pele estão envolvidos com o meridiano do Pulmão, pode atuar
sobre este no seu ponto de tonificação (P9), fortalecendo assim o Wei Qi (energia
defensiva), não esquecendo de fortalecer o Baço (BP2) e o Coração (C9) devido
às ligações diretas com os pulmões;
Para
aumentar a energia defensiva (Wei Qi), pode-se ainda punturar o grande portal
de energia composto pelo IG4 e F3 bilateralmente;
No
alívio das dores, pode-se entrar com Huo To Jia Ji na região da coluna mais
afetada pela dor;
Os
pontos Shu do Fígado, Baço, San Jiao, e Rim, devem ser punturados para atuarem
nos órgãos em questão, são eles B18, B20, B22, B23, respectivamente;
Ainda
deve-se punturar os pontos B11 para atuar sobre os ossos e o B58 que é ponto
Luo e atua harmonizando o alto e o baixo, fortalecendo os Rins e aliviando as
dores.
A Acupuntura pode ter
bastante efeito na EA nos quadros dolorosos, uma vez que estudos demonstram a eficácia
das agulhas na liberação de opióides naturais como a endorfina e encefalina,
ocasionando uma diminuição da dor e um excelente relaxamento muscular, proporcionando
uma sensação de bem-estar.
Outro modo de tratamento
para EA é a massagem Tui Na (推拏). Esta é considerada uma técnica milenar
chinesa que utiliza manipulações específicas através da utilização das mãos
para tratar várias patologias, estimulando ainda, os pontos específicos dos principais
meridianos, visando a regularização do sangue (Xue) e do fluxo energético, beneficiando
a mobilidade dos músculos e das articulações, levando ao alívio das dores, induzindo
a liberação de toxinas e facultando o relaxamento físico e mental.
Andrea Barretto
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