domingo, 10 de abril de 2016

Espondilite Anquilosante na Medicina Tradicional Chinesa

Espondilite Anquilosante (EA) – é uma doença inflamatória crónica que afeta tanto as articulações da coluna vertebral, que tendem a fundirem-se uma vértebra a outra, causando rigidez, dor e limitação dos movimentos, como também, seus ligamentos. Pode ainda atingir outras articulações do corpo como a articulação do ombro e do quadril (anca). É considerada uma doença auto-imune e sua causa ainda é desconhecida. Seu diagnóstico é feito pelo marcador genético HLA-B27 (Antígeno) e os pacientes portadores da EA são positivos para este marcado, afetando mais os indivíduos jovens do sexo masculino entre os 15 e 30 anos de idade.

A Espondilite Anquilosante pode levar a deformações articulares e dor crónica, de modo que, exercícios como Pilates, caminhada e natação são excelentes aliados, pois impede a rigidez do tronco, promovendo a manutenção de movimentos e a flexibilidade das articulações afetadas, ajudando ainda na postura mais adequada para a coluna. A fisioterapia tem grande papel nesta doença, para além de trabalhar com exercícios terapêuticos, alongamentos e trabalho de postura, tem como coadjuvante o aparelho de Neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS) e o ultra-son, estes tem como finalidade ajudar na eliminação da dor e no processo inflamatório, respectivamente.

Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a Espondilite Anquilosante inicia-se através de uma estagnação de Qi (Energia) e Xue (sangue) ao longo dos meridianos,  levando ao bloqueio destes. Este processo é conhecido por Síndrome Bi e bloqueio de Qi e Xue nas articulações ou em músculos, manifestado por dor, parestesia, hipersensibilidade e, principalmente, limitações de movimentos.

É uma patologia que afeta o meridiano do Du Mai, canal da coluna vertebral, mas envolve também, problemas intestinais devido a má alimentação e problemas de pele como a psoríase, causando comprometimento dos meridianos dos Intestinos Grosso e Delgado e do meridiano do Pulmão.

Dentro das causas estão as invasões de fatores patogénicos externos (Vento, Frio, Humidade, Calor) ou o enfraquecimento do sistema defensivo do organismo conhecido como Wei Qi (energia defensiva). Os fatores de riscos envolvidos nesta patologias são o clima, esforço repetitivo, obesidade, excesso de trabalho, doenças ósseas e musculares, doença imunológicas. Dentro da medicina oriental, a EA pode ser tratada com acupuntura, fitoterapia e dietética chinesa, tendo como objetivo restaurar os desequilíbrios energéticos do organismo.

Os princípios terapêuticos e os pontos a utilizar estão de acordo com a patogénese da doença e histórico do paciente:
Como as articulações da coluna vertebral precisam de líquido (sinovial) para estarem lubrificadas e manterem o movimento adequado, é preciso tonificá-las, fazendo circular o líquido orgânico (Jin Ye), punturando os pontos de abertura e acoplado do meridiano curioso Du Mai ID3/B62, restabelecendo a funcionalidade da coluna;
Como a coluna é composta internamente pela Medula Espinha (ME), é necessário tonificar os Rins que vai atuar sobre medula (Essência), punturando os pontos R7, B23, associado com o ponto extra Yao Yan que vai atuar sobre os Rins e aliviar as dores;
Como os problemas de pele estão envolvidos com o meridiano do Pulmão, pode atuar sobre este no seu ponto de tonificação (P9), fortalecendo assim o Wei Qi (energia defensiva), não esquecendo de fortalecer o Baço (BP2) e o Coração (C9) devido às ligações diretas com os pulmões;
Para aumentar a energia defensiva (Wei Qi), pode-se ainda punturar o grande portal de energia composto pelo IG4 e F3 bilateralmente;
No alívio das dores, pode-se entrar com Huo To Jia Ji na região da coluna mais afetada pela dor;
Os pontos Shu do Fígado, Baço, San Jiao, e Rim, devem ser punturados para atuarem nos órgãos em questão, são eles B18, B20, B22, B23, respectivamente;
Ainda deve-se punturar os pontos B11 para atuar sobre os ossos e o B58 que é ponto Luo e atua harmonizando o alto e o baixo, fortalecendo os Rins e aliviando as dores.

A Acupuntura pode ter bastante efeito na EA nos quadros dolorosos, uma vez que estudos demonstram a eficácia das agulhas na liberação de opióides naturais como a endorfina e encefalina, ocasionando uma diminuição da dor e um excelente relaxamento muscular, proporcionando uma sensação de bem-estar.

Outro modo de tratamento para EA é a massagem Tui Na (推拏). Esta é considerada uma técnica milenar chinesa que utiliza manipulações específicas através da utilização das mãos para tratar várias patologias, estimulando ainda, os pontos específicos dos principais meridianos, visando a regularização do sangue (Xue) e do fluxo energético, beneficiando a mobilidade dos músculos e das articulações, levando ao alívio das dores, induzindo a liberação de toxinas e facultando o relaxamento físico e mental.

Andrea Barretto

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